Quando...

Quando o teu corpo se abrir em flor

para exalar o teu perfume divino,

libertarei do meu coração o amor

para que ele te beije como o menino

que a mãezinha abraça com fervor

quando o medo do vento sibilino

o faz arrepiar e se enrolar de pavor

Quando o desejo ecoar na tua matriz

e não mais puderes resistir à libido

do mundo serei o homem mais feliz

para recuperar o tempo perdido,

e, te amando como deusa ou meretriz,

serei simplesmente o fruto proibido

te fazendo amor como nunca fiz

Quando a felicidade se abrir em cor,

como o arco-íris depois da tempestade,

verás o verdadeiro rosto deste amor

que por ti conheceu a dor da saudade

e quase se perdeu cheio de pavor

no dia em que pensou que a fatalidade

o tivesse condenado ao eterno desamor

Quando eu cruzei o teu felino olhar

e minh'alma te ofereceu meu sorriso,

descobri no teu coração um lugar

e dele fiz o jardim do meu paraíso

onde me apraz dormir e descansar

para melhor poder perder o juízo

e ao sétimo céu chegar bem devagar

Quando o teu sonho se revolta e deixa

gritar esse teu ciúme, sem quereres

da minha alma te tornas doce gueixa

e, me concedendo todos os poderes,

o meu desejo louco no teu se enfeixa

para em ti amar aquelas mulheres

que no meu coração se fazem queixa

Quando a demência se fizer serenidade

e à minha vida der paz e paixão,

poderei abdicar da minha liberdade

e me oferecer até perder a razão,

porque ninguém impedirá a felicidade

de assentar arraiais no meu coração

para, feliz, te amar pela eternidade

Lud MacMartinson
LMP - Luxemburgo