Et si tu n'éxistais pas - Joe Dassin

Lover Why

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A presa...


A PRESA





A tarde estava sombria como a minha alma.

O mar chamou por mim e eu, sem saber porquê, respondi ao seu apelo. Também queria vê-lo, o mar, o meu amigo, o meu confidente!

Depois de muito vagabundear e sepentear ao longo da areia molhada e de muito admirar a minha pegada, levantei o meu olhar, tentando desvandar uma razão para o meu passeio, para o meu anseio, para o vazio que sentia dentro de mim.

Descobri-te!

Estavas lá, meio assustada, encolhida como um caracol dentro da concha, prisioneira de ti mesma, dos teus medos, dos teus desejos, dos teus segredos, das tuas ânsias, dos teus sonhos, das tuas paixões, dos teus caprichos e dos teus ciúmes.

Mais do que dos outros, é de ti que te sinto presa !

Fazes-te serena e calma para esconder a louca que trazes e alimentas dentro de ti. Insaciável, indomável, mas presa da tua sede e da tua fúria!

És contradição permanente!

O teu prazer é misterioso: quanto mais tentas satisfazê-lo, mais ele te atormenta e te deixa esfomeada, porque tu perdeste a bússola da tua alma, do teu corpo, do teu coração e da tua consciência...

Assim, vais sofrer muito, terrivelmente!

O teu olhar vidrado, como o de um ser mal-amado, anda à deriva dentro de ti!
Já não consegues mais ver o mundo, tão profundo é o teu mal-estar!
Sinto que não eras assim, mas não sei porquê!
Deixa-me penetrar no teu olhar, dá-me os teus olhos por uma noite, não, uma hora, é muito!, não, um minuto é bastante para desvendar o teu mistério!

Loba esfomeada, mas carente; mulher ousada, mas fatalmente prisioneira, presa!
Queres ser abelha-mestra, amazona, para te desforrar dos anos perdidos, dos sentimentos jogados ao lixo pelos teus amantes reais e virtuais; para te vingares de todos os homens que te cobiçaram, usaram e abusaram da tua ingenuidade, da tua confiança, da tua demência, e, passando pelo teu corpo e nele esvaziando a animalidade que lhes pedias ou suportavas, nunca chegaram à tua essência!
Ficaste suja e prisioneira da animalidade verociferante nas tuas entranhas.

Presa, estás presa e qualquer dia não passarás de um objecto de colecção, de um troféu de que muitos se vangloriam agora, mas ignorarão num canto da prateleira das suas vitórias inglórias, das suas vilezas e espertezas, e passarão por ti anos a fio sem te limparem o pó !

Foste demasiado fútil, és presa fácil, serás inútil!
Amas de qualquer maneira, não amas: enganas-te !
Sim, continuas a ser demasiado ingénua!
Porquê? Não sei !

Sabes, gostaria de te ter conhecido mais cedo, de ter desvendado os teus segredos e te ter ajudado a vencer os teus medos.

Presa, carregas contigo o teu próprio degredo! Na solidão és o degredo do teu coração; na orgia és o degredo da tua ninfomania degradante; na complacência animal és o degredo da tua demência sentimental...

Por vezes sentes que o teu coração é inútil, que o teu prazer é fútil, porque nunca te enche, porque não responde às tuas frustrações e não sacia as tuas sedes, as tuas aspirações ! A tua carência é um poço sem fundo, que quanto mais tentas preencher e encher de qualquer jeito, mais te dilacera o peito e nele deixa uma cratera que nem o tempo pode cobrir...

Precisas de renascer, mas falta-te a coragem !

Presa... Estás presa!

Por favor, deixa-me libertar-te! Como? Não sei, enquanto não me deres um minuto para eu te olhar e sentir o calor das tuas mãos, não poderei entrar dentro do teu mundo e ir bem até ao fundo da tua essência para encontrar o elo mais fraco da tua vida, da tua felicidade!

Se preciso for, amar-te-ei sem te possuir, - como simples amigo virtual e bem longe - amar-te-ei nos braços de outra e deixar-te-ei às tuas leviandades e aos teus caprichos profanos, medianos, insanos porque eu não quero ser mais " um " caçador de uma presa fácil, doente, à deriva pelos mistérios da vida!

Presa és, presa estás, mas de mim nunca o serás, porque eu sou incapaz de " conquistar " a prisioneira, porque isso é cobardia! Isso não é conquista...

Presa! Por favor, deixa de ser uma presa, para eu me possa apaixonar-me por ti - não é isso que desejas? - e sinta o desejo de te conquistar, de te seduzir e de te amar sem te possuir!

Sei que gostas de bichinhos de estimação, de objectos, de escravos e de eunucos para os teus prazeres mais malucos..., mas eu jamais me deixarei aprisionar, porque sei que, sem dignidade e liberdade, jamais alcançarei a verdadeira felicidade.

Eu sou diferente? Não, sou exigente !!!

Tento, simplesmente, ser coerente comigo próprio, com a minha Liberdade e jamais trair a minha Dignidade, porque quem ama de qualquer maneira, não ama verdadeiramente: ilude-se, prende-se, fica demente, torna-se dependente !

Hoje voltei para te ver sorrir livremente, mas , infelizmente, encontrei-te mais presa ainda, envolta numa dor infinda...


Nb: Como sempre, levantei-me cedo à procura de inspiração, e, hoje, tu surgiste pela primeira vez no msn! Fui seguramente o último dos muitos com quem enganaste a insónia! Uma primeira vez, nunca se esquece! Pedi-te os teus olhos por um segundo, deste-me o teu retrato: convidaste-me a entrar no teu mundo ! Não foi preciso abrir a porta, porque o teu mundo anda de portas escancaradas para deixar entrar o ar puro e a felicidade, mas tu esqueces-te de uma coisa: o mundo, o ar e a felicidade estão poluidos ! O teu amigo virtual, que, por ti, continuará a ser um guerreiro... ! És Bela, mas estás presa! Pelo menos foi a palavra que o teu olhar distante me inspirou! Ah! Se soubesses como queria tanto ter-me enganado?!


Este primeiro e único minuto, aparentemente banal e virtual, passado a teclar contigo , ganhou o direito de ficar eternamente preso à minha alma...


Lud MacMartinson - LMP - Luxemburgo

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