Portugal, Santo António do Estoril, terça-feira, 17 de Julho de 1973
( 1º DIA )
Um portal de ferro forjado rangeu e abriu-se lentamente, vigiado por dois seminaristas de batina negra. As seculares arcadas do claustro permaneciam parcimoniosamente petrificadas e indiferentes à fúria desenfreada que agitava as entranhas dos filhinhos de papá, amarrados religiosamente pela disciplina sagrada que os obrigava a domar os seus impulsos desordeiros.
Passando o frontispício aos empurrões, os alunos do colégio salesiano despediram-se das aulas soltando uma algazarra infernal, que ensurdeceu os tímpanos mais sensíveis. Ecoando e ziguezagueando atemorizados pelos corredores do mosteiro, os gritos refugiaram-se espavoridos na quietude da capela barroca, onde, dias antes, uma princesa espanhola exilada contraíra as suas núpcias.
No átrio, a uma centena de passos apenas, postados diante das suas viaturas luzidias, os paizinhos aguardavam orgulhosamente a aparição dos meninos. Timidamente encostado ao seu Mercedes negro, o arquitecto Félix Fontoura tentava descortinar o afilhado no meio da garotada, mas as suas insistentes miradelas rapidamente se deixaram contaminar por um inquietante desespero. Cansado de mirar para o antro da balbúrdia, trancou a viatura e decidiu ir procurar o afilhado, afrontando estoicamente os apertões da irrequieta pequenada.
Distraído a conversar com o professor de inglês, de quem se despedia, mal avistou os cabelos venerandos do padrinho emergir por cima das guedelhas dos seus irrequietos colegas, o jovem órfão largou a maleta da roupa deabixo do pórtico e desatou a correr euforicamente ao seu encontro, abraçando-o vigorosamente.
Surpreendido pelo saudoso carinho filial, que o afilhado lhe testemunhara com tão demorado e apertado abraço, o arquitecto tirou um lenço do bolso e pressionou-o contra as retinas, evitando, assim, que as lágrimas traíssem tão intrínseca, mas quão tímida emoção. De voz subitamente embargada e disfarçando atabalhoadamente a confusão sentimental que lhe ia na alma, ele foi buscar a maleta do órfão e arrumou-a cuidadosamente no cofre da viatura.
Fingindo-se despercebido, o adolescente assentou-se discretamente no banco da frente, apertou o cinto e espiou o padrinho de fugida pelo retrovisor lateral, mas, vendo-lhe as marcas das lágrimas, baixou a cabeça sobre o compêndio de História Universal, a disciplina que mais o fascinava desde que descobrira a gesta marítima dos seus egrégios antepassados. Ah, como quisera ser Luís de Camões para conhecer a força do sonho e do amor!
Até casa, perdido nos meandros quiméricos, Rui Patrício nem viu as curvas da estrada marginal serem inadvertidamente absorvidas pelas suas retinas contemplativas, que o imperturbável e silencioso condutor aproveitava para espiar por entre a mudança das velocidades.
Antes da curva do pinheiro manso, o arquitecto levantou o pé do acelerador e, travando ligeiramente, colocou-se na faixa que dava acesso à rampa da entrada. Depois de atravessar o portão da vivenda, imobilizou a viatura diante da garagem e, soltando um desabafo acalorado, sorriu para o afilhado que lhe retribuiu com uma maravilhosa empiscadela. Ouvindo o ronronar do automóvel do amo, a senhora Noémia, uma idosa de cabelos brancos, fiel e dedicada governanta da família Fontoura, largou os tachos e correu a abraçar o menino.
― Puxa, como já tinha saudades de si, meu Ruizinho! Mas..., deixe-me ver... Nossa, como tem crescido! ― bradou orgulhosa e mimalheira, pondo-se nos bicos dos pés para medir a altura do estudante.
― Oh, nem por isso, senhora Noémia! O padrinho diz que o meu pai, na minha idade, era bem mais homem do que eu.
― Outros tempos, Ruizinho, outros tempos!
— Melhores ou piores? ― perguntou curioso, beijando a velhota.
― Eu diria bem mais rudes e ingratos. Mas, vá, dê cá a sua maleta.
― Por amor de Deus, nem pense nisso, D. Noémia! Um cavalheiro...
― Bravo, Rui Patrício, bravo! ― aplaudiu prontamente o arquitecto, lisonjeiro, olhando orgulhosamente afilhado de alto a baixo.
― Vá, então não demorem. Olhem que o almoço está pronto ― avisou a senhora, pensativa.
― Fique descansada que desta vez não o deixaremos engrolar. Hum, deve estar uma delícia não? ― retorquiu o amo, empiscando-lhe envergonhado.
― A senhora Noémia trata-nos bem, não trata, padrinho?
― Se trata!...
Seguindo as pegadas do seu protector, o adolescente apressou-se a guardar a maleta no quarto. Depois, enquanto o arquitecto telefonava ao amicíssimo Dr. Edgar Sampaio, famoso advogado da Costa do Estoril, o órfão correu lesto ao escritório e beijou langorosamente o retrato da Dina, a sua hipnotizante madrinha de adopção.
Pouco depois na sala de jantar, ele passou maquinalmente a mesa em revista e, apercebendo-se da falta do seu refrigerante, perguntou em voz alta:
― A senhora Noémia esqueceu-se do meu sumol?
― Não, Ruizinho, hoje o seu padrinho vai beber um verdinho e eu pensei que um copinho não lhe faria mal. É tão brandinho!...
― Nem pense nisso, senhora Noémia! Apesar de ser um santo com os copos, juro-lhe que nunca mais tocarei no álcool, nem cheirarei mais nenhuma prisca.
― Lá quanto ao tabaco dou-lhe toda a razão, mas um copinho de vinho à refeição nunca fez mal a ninguém e até dizem que faz muito bem ao coração.
― Olhe que o Rui Patrício já vai fazer dezoito anos, senhora Noémia! ― relembrou o arquitecto, surpreendendo a conversa na entrada do salão.
― É verdade, senhor doutor, o Ruizinho está um homem feito, mas para mim será sempre o meu netinho, pelo menos enquanto o senhor e a D. Dina não se decidem a arranjar um herdeiro. Eu bem rezo todas as noites, mas os senhores também nunca mais se decidem, caramba!
As palavras impensadas da governanta cravaram-se-lhe em pleno coração e fizeram-no corar. Esfregando os olhos, virou-se para o jardim e, furtando-se à indulgente compaixão do afilhado, retirou-se envergonhado. Entretanto, a velhota foi-lhes servindo a sopa, cabisbaixa, observada ternamente pelo adolescente que aguardava silenciosa e pensativamente o regresso do padrinho.
― Não faça cerimónia, Rui Patrício.
― Ah, desculpe... ― acrescentou confuso e surpreendido em plena evasão.
― Vá, não é preciso que eu lhe volte a dizer que está em sua casa, pois não?
― Claro que não, padrinho! ― repetiu sorridente e corado.
― Assim alegre é que eu e a sua madrinha gostamos de o ver, meu filho ― acrescentou mais sereno o arquitecto. ― Bom apetite!
― Obrigado, igualmente, padrinho ― agradeceu o jovem, ajeitando o guardanapo sobre os joelhos para melhor disfarçar a secreta endofasia que ocupava o seu espírito sonhador.
" Onde estás, Dina? Se tu soubesses como penso em ti! Por favor não demores, Dina! Por favor, meu amor!..." ― monologava ele com os seus botões, ajeitando-se calmamente na cadeira forrada.
O Dr. Félix Fontoura observou discretamente os trejeitos do afilhado, esboçou um sorriso e, pegando na colher prateada, provou a canja fumegante. A quietude do salão era apenas quebrada pelos toques nos pratos de porcelana e pelas miradelas expectantes da velhota pelo postigo da cozinha. Absorvido em mirífica contemplação, o Rui, esse, trazia o cérebro em ebulição. A última colherada veio, porém, libertá-los da lei do absurdo silêncio.
Passeando o olhar vítreo pelos muros da sala, o estudante estancou as retinas num quadro fixado ao lado da chaminé. E, virando-se para o padrinho, indagou dubitativo:
― Não me diga que aquele retrato ali na parede...
― Sim, Rui Patrício, é uma das minhas fotografias que a Dina descobriu no baú e caprichou em pendurar na sala antes de partir para o Congresso de Jornalismo em Londres. Aliás, ela acha-nos muito parecidos e...
― Mas não, o padrinho tem outra presença, outra classe!
― Ah, meu filho, se soubesses os montes de sonhos que naquela idade também trazia na cabeça! Enfim, porém tudo se evaporou rapidamente!
― Nessa altura o senhor já estudava e sonhava com a arquitectura, não era?
― Sim, Rui, eu sofria e trabalhava tanto na minha juventude que só me restava a quimera por companheira, refúgio e evasão, sobretudo naquelas horas tenebrosas que nos deixam desnorteados sem saber o que fazer e muitas vezes a pensar o pior, meu filho, mas fé e coragem nunca me faltaram e, graças a Deus, tudo passou.
― Esses tempos deviam ser muito duros, não eram, padrinho?!
― E se eram! primeiro a miséria e a fome e depois a guerra, sobretudo, criaram raízes tão profundas no corpo e na alma que eu duvido que mesmo a morte as possa apagar um dia. Sabe, Rui Patrício, eu nunca cheguei a conhecer as ingenuidades da adolescência porque fiquei à mercê de um padrasto muito tirano com dez anos apenas e aos quinze, quando começava a ver uma luz lá no fundo do túnel da amargura e a sentir-me homem, fui apanhado pelo turbilhão da racista loucura hitleriana.
― Portugal não entrou na guerra, padrinho.
― Oficialmente não, mas só Deus sabe os sacrifícios que esse paranóico nos fez passar. Oxalá que esses tempos nunca mais nos batam à porta, filho!
― Deixe lá, não falemos mais da guerra ― intercedeu o jovem condoído.
O silêncio voltou a pô-los à deriva pelos labirintos da sentimental endofasia que o pudor e o respeito mútuos lhes ditavam. A velhota, respeitando-lhes a decisão, serviu-lhes o assado e foi refugiar-se no meio dos garfos e das panelas lá na cozinha, o reino onde punha e dispunha a seu bel-prazer. E, mudos, iniciaram então uma viagem solitária ao fundo das suas almas. O cafezinho foram tomá-lo ao terraço onde teceram algumas considerações sobre o tempo que fazia e a magnífica paisagem que o mar lhes oferecia, sentados nuns cadeirões de vime que a jornalista aí mandara instalar antes de partir para Londres. Tomada a bica, Rui ajeitou o cachimbo ao padrinho que, entretanto, enfiara um chapéu de palha e subiu para o quarto, onde se perdeu a imaginar os mais eróticos cenários. A ver pela posição do sol, quando voltou já a sesta ia alta.
No seu balancé, o arquitecto ingeria filosofalmente a maldita nicotina que tanto o fazia tossir, vigiado pela dedicada governanta que fazia renda num cadeirão de bambu. Obtido o consentimento do padrinho, ele atravessou a estrada Marginal e foi molhar os pés na espuma da maré-cheia. A praia estava quase deserta, mas um rodopio voraz bastou para que o seu olhar sequioso filtrasse as escassas zonas erógenas das sibaritas do areal, contudo nenhuma conseguiu ofuscar-lhe a razão e varrer-lhe da cabeça a imagem cintilante da magnífica Dina.
Descalçando-se e segurando os chinelos de sola, relembrou um ritual que há poucas semanas aprendera com footprint, a pegada, um texto de inglês e, tal Narciso a mirar-se na água cristalina de um lago, ele ia-se deleitando com a contemplação das marcas dos seus pés, a quem as ondas em desmaio concediam uma vida efémera. Foi então que uma beldade desinibida, que ele acabava de cruzar fortuitamente no areal, lhe sorriu e, fazendo-o corar, voltar imediatamente para casa.
Pelo caminho, o seu espírito atribulado não parou de se mortificar e amaldiçoar a doentia timidez que nunca o deixava viver e levar realmente até ao fim esses repentinos e mágicos ápices de paixão. Subitamente, no meio desse turbilhão atribulado, surgiu a imagem resplandecente da musa dos seus sonhos a bailar à sua frente em inocente strip-tease. E, eufórico, desatou a correr como um desalmado sem prestar atenção ao tráfego da Marginal, precipitando-se diante dos carros que começaram a apitar estridentemente, numa vozearia infernal, para lhe repreender aquela travessia suicida. Felizmente quisera Deus que não fosse chegada ainda a sua hora. E o frenesi pueril só esbarrou no Mercedes que saía da vivenda.
― O padrinho quer que eu vá consigo?
― Obrigado, Rui Patrício, mas eu não demoro.
― Boa viagem!
― Até logo! ― exclamou o arquitecto, sorrindo e acenando ao afilhado.
Ofegante, o sonhador esperou que a viatura desaparecesse na curva do pinheiro manso e subiu a trancar-se no quarto. Filosofal, ele pegou numa esferográfica, mas as duas ou três rimas, que a musa lhe ditara pelo caminho, haviam-se dissipado nos labirintos do superexcitado tear cerebral. O vazio poético foi, porém, instantaneamente substituído por uma confrangedora solidão. Deitado de barriga sobre a cama, ele reviveu morbidamente as tragédias que haviam marcado a sua curta existência. Recordando os funestos acontecimentos que o haviam tornado órfão de pai e mãe. Terrivelmente emocionado, não conseguiu evitar que as lágrimas lhe alagassem as retinas. Ainda cerrou os dentes, mas nem toda a sua vontade indómita evitou que o cloreto de sódio lhe resvalasse ardentemente pela face. A imagem dos pais, assassinados numa das numerosas incursões terroristas ao mocambo do Nordeste Angolano onde iam leccionar duas vezes por semana, fê-lo maldizer a crueldade do destino. Irado, agarrou-se às barras da cama, injuriando os políticos responsáveis pela hedionda guerra colonial. Exausto e roído de raiva e remorso, ele chorou convulsamente, sucumbindo lentamente aos assédios do sono.
Ao fim da tarde, voltando a si, consultou o relógio de pulso e correu a espantar a soneira no quarto de banho. De cabelos emaranhados, lavou-se apressadamente e desceu à cozinha. Foi então que a senhora Noémia o preveniu do atraso do padrinho. Acolhendo friamente a notícia, decidiu refugiar-se na biblioteca onde consultou uma enciclopédia da anatomia humana e beijou a foto da sensual e tentadora Dina, a universitária que conseguira salvar do suicídio o solitário viúvo doutor Fontoura, a quem viria a dizer sim.
O arquitecto entrou pouco depois das vinte horas. No patamar das escadarias de mármore, o adolescente fixava religiosamente o clarão ensanguentado do pôr do sol. Um impulso repentino fê-lo saltar por cima do muro e lançar-se nos braços do seu protector.
― O padrinho demorou-se tanto! ― bradou mimalheiro.
― Negócios, Rui Patrício, negócios. E a sua sesta?
― Ah, nem queira saber, só acordei há menos de uma hora!
― A senhora Noémia aprontou o jantar?
― Sim, ela é muito pontual. Coitada, até parece que a vida dela se resume em pôr-se a pé, fazer a limpeza e andar às voltas com os tachos e rezar. Mas diga, o padrinho ainda vai sair esta noite?
― Não, hoje já basta de trabalho. Porque me pergunta isso? Queria sair?
― Não. Como o senhor não meteu logo o carro na garagem...
― Aqui ninguém mexe em nada, esteja descansado, Rui Patrício.
― Então vou fechar os portões. Agora quanto ao Mercedes...
― Qualquer dia vou ensiná-lo a conduzir ― acrescentou o arquitecto, roçando-lhe a mão pelos caracóis.
― Eu não gosto nada de carros, padrinho.
― Isso são desabafos de quem ainda não experimentou as sensações da velocidade! Eu também dizia isso antes de poder comprar um carro. Tem graça, até parece que me estou a ver a repetir a mesma coisa! E se a Dina tivesse mesmo razão e nós fossemos parecidos?
― Bom, se for para os ajudar numa necessidade, tirarei a carta, padrinho.
― De acordo. Continue como até aqui no quadro de honra dos Salesianos e obter-lhe-ei uma autorização para começar a conduzir mais cedo.
― Suba que eu não me demoro, padrinho ― concluiu o afilhado.
Enquanto o moço fechou os portões, o arquitecto foi colocar a pasta no escritório e saudar a esposa que tanta falta lhe fazia. Impávida no canto da escrivaninha, ela sorria-lhe mais afável e amorosa que nunca. Pobre Dina!... O jantar a sós não tinha o mesmo sabor. As saudades eram tantas que todas as frases nasciam e morriam na Dina, a encantadora musa da vivenda. Até parecia que o ar que respiravam estava desoxigenado. Ambos sentiam muito a falta dela, porém, enquanto o olhar do afilhado cintilava vivaz, imaginando a jornalista nos seus braços, o do marido morria de queixume.
Naquela noite os homens dispensaram o pudim caseiro e estatelaram-se diante dessa caixinha mágica que se tornara a televisão. O telejornal trazia-lhes, a preto e branco, as últimas novidades do globo. No íntimo, eles só queriam que o ecrã lhes mostrasse as imagens do Congresso de Jornalismo a decorrer na capital do Reino Unido, mas não, a RTP ― radiotelevisão Portuguesa ― não fez qualquer referência a esse mediático evento.
A política que tantas vezes lhes suscitava e aguçava um sadio antagonismo, sobretudo nos serões do Inverno, enojou-os. Marcelo Caetano, por quem ambos nutriam uma certa simpatia, lá ficou a falar para a velhota, a fidelíssima incondicional das Conversas em Família, o programa animado pelo sucessor de Salazar em pessoa. Revoltados, eles preferiram ir contar as estrelas para o terraço. No longínquo firmamento, a geometria sideral fazia-os sonhar. Do outro lado, o mar arremessava as suas ondas furiosas contra os rochedos, abafando os gemidos de cópulas adúlteras que o ardor estival ia apadrinhando pelo areal ebuliente ou pelas discotecas chiques do Estoril. Uma brisa suave embalava tenuemente as suas confidências e os seus desejos mais íntimos. Até parecia que as luzes das viaturas desnorteadas que desciam vertiginosamente a rampa da baía iam espelhar-se magicamente na ondulante maré mansa, tal bailado sob os holofotes da ribalta. Espectadores privilegiados, eles escutavam passivamente os murmúrios sussurrante, pedindo que a noite se fizesse dia, mas o arisco nocturno convenceu-os a irem acalentar as filosofais suposições no vale das mantas.
Antes de irem dormir, os noctívagos beberam um chazinho, que a senhora Noémia lhes deixara num bule. Inexplicavelmente e apesar da fadiga, naquela noite o moço não conseguiu enganar a insónia. A foto da madrinha bailava sedutora à sua frente. No seu cérebro nefelibata deslizavam cenas românticas, cintilavam ideias egocêntricas, enquanto no coração ingénuo ecoavam palpitações imorais que o medo e o pundonor faziam abortar incessantemente.
Atribulado pelo remorso de tais pensamentos perversos e acutilado entre a pureza dos seus sentimentos e a contradição e os tabus daqueles tempos, Rui Patrício acabou por ceder às repreensões da consciência e adormeceu, pedindo a Deus que não o deixasse ver a luz do novo dia se pecado fosse pensar e amar assim.
E até a noite teve outro encanto deitado num colchão de molas e amarrado a um travesseiro tão fofo, que beijou vezes sem conta, como se fosse a Dina dos seus sonhos...
continua em Quarta, 18 de Julho de 1973 ( 2º DIA )
Caprichos do Amor / Lmp, luxemburgo - 1996 / Lud MacMartinson
Um comentário:
Lu...este Romance é bommmmmmm....caliente!! Delicinha . jovem apaixonado..descobrindo a paixão cega e louca!! Beijonhoss...encanto de poeta!
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