Et si tu n'éxistais pas - Joe Dassin

Lover Why

domingo, 2 de março de 2008

Caprichos do Amor: Domingo, 29 de Julho ( 13º DIA )


Domingo, 29 de Julho 
( 13º DIA )



Domingo apenas acordou, o poeta em embrião olhou para a mesa-de-cabeceira e sorriu malicioso, pensando que a fera caíra no engodo. Espreguiçando-se demoradamente, levantou-se e lavou-se sem fazer barulho. O calor matinal convidou-o a vestir uns calções e uma camiseta de alças. Descendo de chinelos de praia, deu os bons-dias à avozinha que, depois de ter ido à missa, punha o almoço em andamento. Fazendo-lhe companhia, o adolescente foi preparando um café com leite e contando as peripécias da véspera, o que muito regozijou a velhota. Porém, quando lhe disse que a Dina lhes preparara e servira o jantar, ela zangou-se, prometendo dar uma repostada ao amo apenas ele descesse.
O pêndulo da sala ainda retinia as dez badaladas, quando um perfume exótico lhes anunciou a chegada iminente da madame. Ostentando um vestido azul-marinho de mangas curtas e decotado em vê, que mal lhe chegava ao joelho, a jornalista parecia uma manequim da Maison Channel, fabricante do mais célebre perfume francês.
― Bom dia! ― saudou simpaticíssima.
― Bom dia, madrinha! ― respondeu afável, beijando-a na face.
― Bom dia, D. Dina ― repetiu a velhota, pousando os biscoitos na mesa.
― Então, Rui, não toma o café connosco? ― perguntou a madrinha.
― Como não desciam... ― adiantou ele, mergulhando um doce no café.
― O seu padrinho... Ah, aí está ele!
― Bom dia a todos!
― Bom dia! ― responderam o afilhado e a governanta em uníssono.
Pegando na chávena, Rui Patrício foi, então, assentar-se no seu lugar na sala de jantar, fazendo a vontade à madrinha. Depois de servir o marido, Dina forçou o poeta a tomar mais um café com leite, que ele tomou parcimoniosamente enquanto eles planeavam os afazeres dominicais. Ouvindo-os falar na família Sampaio, o moço deixou escapar um sorriso que não escapou à retina de lince da jornalista. Saciado, o arquitecto quis ir sozinho ao quiosque da esquina comprar o Diário, deixando o afilhado a afoitar os músculos nas barras metálicas.

Como o mensageiro demorasse muito, Rui Patrício subiu para o quarto e pegou na poesia que, entretanto, a madrinha lá fora colocar antes de descer.
― Rui Patrício, o telefone! ― gritou ela, espreitando no fundo das escadas.
― Já vou! ― bradou eufórico, desatando a correr e a saltar as escadas às três.
― É a Cristina ― cochichou-lhe ela, encostando-se à parede curiosa.
― Alô! Cris? ― murmurou ofegante, colando o auscultador ao ouvido.
― Estás sozinho, Pat? ― perguntou-lhe cautelosa.
― Se calhar... ― respondeu dubitativo, virando-se para trás.
― Então escuta ― ordenou ela, dando-lhe um beijo estridente pelo telefone.
― Sim. Eu também. Muito! Muitíssimo! E tu? Bom. Sim, eles estão a pensar ir aí. É? Ah! Não sabia! Achas? Por mim tudo bem. De acordo. Good-bye, my love, Good-bye! - exclamou radiante, retribuindo generosamente os beijos que as ondas faziam ecoar nos seus ouvidos.
Feliz da vida, Rui Patrício, pousou o delicioso auscultador e retirou-se.
― A Cristina que lhe queria? ― perguntou a madrinha impaciente e nervosa.
― Oh! Queria saber se eu também iria consigo logo à tarde ― escusou-se atrapalhado, disfarçando a perturbação que ela lhe causava.
― Ah! Só isso? ― insistiu a madrinha, entalando-o discretamente.
― Eu disse-lhe que antes iríamos à praia, mas não lhe disse onde.
― Muito bem! ― bradou Dina satisfeita, baixando os braços para ele passar.
Livre, Rui Patrício foi para o balancé do terraço onde cruzou o padrinho. De cachimbo entre os dentes, o arquitecto ia esfolhando o jornal. O jovem leu a página desportiva à pressa e desceu à praia para alimentar e espevitar a curiosidade libertina. No fim do areal, perto de um rochedo, uma rapariga acenou-lhe e sorriu-lhe gentilmente. Aproximou-se mais de perto e, reconhecendo-a, devolveu-lhe o sorriso inocente.
― Não me conheces? ― perguntou-lhe a tímida sibarita de biquini preto.
― Já bronzeaste muito, Tânia!
― Tens boa memória, Pat!
― Pat?! ― indagou perplexo, beijando o rosto macio que a moça lhe oferecia orgulhosamente.
― Eu sou amiga da Cristina.
― Ah, bom?!
― Sim, Rui Patrício. Encontrámo-nos por acaso anteontem no Estoril e...
― Então foi por isso que ela me deu aquela seca.
― Sim, a culpa foi toda minha, Rui. Ela estava impaciente, mas nós começámos a contar os primeiros dias de férias e o tempo...
― Está bem, Tânia. E tu onde habitas?
― Eu moro na rua Guiomar Torrezão, em S. Pedro do Estoril ― disse orgulhosa, sentindo-lhe a cobiça no olhar.
― E onde andas a estudar?
― No Liceu Nacional de Cascais em S. João do Estoril. Mas porquê?
― Porque te acho simpática, bonita, honesta...
― Ui! Não achas que estás a exagerar?
― Sinceramente, não, mas está bem, Tânia, eu compreendo a tua modéstia.
― Fala-me de ti, Rui. Onde vives? Que fazes? ― insistiu cabisbaixa.
― Então a Cristina não te falou disso, não?
― Oh! Tu percebes...
― Sim. Bom, eu estou num colégio e venho passar as férias com os meus padrinhos a Santo Amaro.
― Quem era aquela moça que estava contigo na praia no outro dia?
― A minha madrinha, Tânia.
― Hum, eu não me importava de ter um padrinho assim charmoso, Rui!
― Ai a maliciosa! ― bradou atónito, empiscando-lhe.
Perante tanta naturalidade, a moça foi perdendo o medo e, no fim da conversa, já não corava e brincava mesmo com os subentendidos e as insinuações, mostrando-lhe quão simpático ele lhe era. E, no fim, despediram-se com um beijo fraternal.
De retorno a casa, Rui Patrício quase nem prestou atenção à multidão que ia cobrindo o areal. Pelo caminho, num monólogo endofásico, imaginava-se irmão da Tânia, que gostaria de ter como amiga e confidente para poder desabafar nas horas de amargura, que seriam muitas, mas também de felicidade quando as tivesse e haveria de as ter.

Como combinado, depois do almoço, acompanhou a madrinha até à praia e, comparando-se com os outros veraneantes deitados no areal, apercebeu-se que o tom bronzeado dos seus corpos ia esmorecendo a cobiça sol. Um bronzeado ténue dissipara-lhes a cera dos primeiros dias deste inesquecível Verão.
Apesar dos desejos voluptuosos, que inflamavam aqueles olhares persistentes, Dina e Rui evitavam atear ainda mais o fogo invisível que devorava os seus corações, até porque eles sabiam muito bem que, ali, não poderiam cometer e levar verdadeiramente até ao fim a loucura que tanto ansiavam. E, assim, primeiro em patética contemplação e, por fim, ora em ruidosas bateduras na água, ora a nadar cautelosamente até aos rochedos, pondo em prática os conselhos do mestre, as três horas de praia passaram-se rapidamente.
Aí, nadando aos poucos, ora agarrada à mão do professor, ora apoiada numa bóia que comprara no quiosque dos jornais, ela, fingindo-se atrapalhada, pudera agarrar-se-lhe desesperadamente, forçando-o aos tão visceralmente desejados, mas cautelosamente evitados contactos corporais. Os tempos mortos foram preenchidos pela leitura alternada da revista Ele & Ela que, quase sempre, acompanhava o adolescente.

Quando entraram em casa, o arquitecto ainda dormia a sesta no seu quarto. Dina tomou rapidamente um duche e, cedendo a casa de banho ao afilhado, foi mudar de roupa e preparar-se para sair. Entretanto, liberto da soneira, o marido levantou-se e, postando-se atrás dela, tão provocante, agarrou-a e beijou-a no pescoço, arrepiando-lhe a epiderme ainda húmida. Rui Patrício nem cinco minutos demorou para lavar o sal do corpo e dos cabelos. Depois, vestiu-se e penteou-se num ápice, guardando na mesa-de-cabeceira as poesias que tencionava mostrar à Cristina.

Durante a viagem até ao solar do Monte Estoril, o silêncio foi de ouro, limitando-se todos a ouvir e a trautear os refrães da rádio Renascença. Ao volante, o arquitecto ia chupando a alma a uma cigarrilha cubana e engolindo o fumo para contaminar, ainda mais, o Mercedes.
Entretanto, a donzela ia roendo as unhas de impaciência, passeando por perto do portão e remirando os cachos verdes da alameda. Apenas adivinhou o ruído ronronante do motor a gasóleo, ela, que arvorava um penteado em rabo-de-cavalo como o moço tanto adorava, precipitou-se e carregou no botão, desactivando a fechadura eléctrica. Rodando à sua frente, a viatura imobilizou-se no terreiro e levantando uma nuvem de poeira, que ela evitou escondendo-se atrás do pilar de granito.
― Sejam bem-vindos! ― exclamou airosa.
― Olá, Cristina, como está? ― respondeu a jornalista, beijando-a no rosto.
― Bem, obrigada! E os senhores? ― inquiriu ela, saudando o Dr. Félix.
― Que nunca pior, Cristina ― respondeu o arquitecto sorridente.
― E tu, Pat? ― cochichou-lhe baixinho, espiando o casal que se afastava.
― Eu nado, Cris! ― murmurou o rapaz encantado, beijando-a nos brincos.
A estridência da felicidade varonil fez-lhe trepidar os tímpanos de felicidade e arrepiou-a todinha. Caminhando lado a lado, eles ostentavam orgulhosamente a alegria que lhes ia na alma. O olhar intimidante dos outros, mais adiantados, não os inibia. Não fosse Júlio, que queria conhecer o afilhado do senhor arquitecto, e desapareceriam no meio daquele mar de rosas. Postado no fundo da alameda, o militar aguardou-os de sorriso nos olhos.
― Olá, Rui Patrício, prazer em conhecer-te! - bradou jovial, apertando-lhe energicamente a mão.
― Igualmente, Júlio. A tua irmã tem falado muito em ti ― disse impressionado, empiscando à graciosa donzela.
― Diz, Rui, que fizeste à Cristina para ela ter mudado tanto?
― Nada, que eu saiba, Júlio! Mas é verdade que ela está assim tão diferente?!
― Se está! Até parece que lhe fizeste uma lavagem cerebral. Acredita, Rui, a mana mudou radicalmente.
― Não?! Bom, eu sempre a conheci assim, Júlio.
― Antes ela era...
― Júlio! ― advertiu envergonhada, tapando-lhe bruscamente a boca.
Aquele impulso repentino fez gracejar os rapazes.
― Vós também!... ― resmungou corada.
― Não te zangues, Cris. O teu irmão está a brincar contigo.
― Coitadinha da menina! ― exclamou o militar trocista, arreliando a mana.
― Machão! - retorquiu grosseira, esticando-lhe a língua irada.
― Seria melhor mudarmos de assunto, não achas, Júlio?
― E se fôssemos até perto da piscina? ― sugeriu a donzela, escondendo a malícia por detrás de um sorriso angelical.
― Está bem, maninha ― acedeu o aviador.
Tal mestre de escola, Júlio ministrou-lhes uma verdadeira lição de bem voar e de tripular os aviões a reacção. As sensações e as vertigens da velocidade foram o ponto que mais impressionou o adolescente. A dissertação pormenorizada sobre as qualidades belicosas dessas máquinas voadoras pouco interessavam ao jovem órfão, mas, perspicaz, ainda escutou melhor o oficial.

Perto da piscina, tentando a irmã, Júlio abeirou-se do bordo e, fingindo experimentar a temperatura da água, arremedou-a, esticando-lhe a língua. Cega, ela não se reteve e lançou-se-lhe furiosa em cima, mas ele, apoiando-se bem nos azulejos, fê-la capotar e mergulhar estrondosamente na água. Catrapus!
Um riso saltou instintivamente dos olhos masculinos, mas a aflição da ingénua veio estancá-lo nas retinas. Arrependido, Júlio atirou-se prontamente à piscina para a socorrer. Abeirando-se lesto do bordo, Rui Patrício estendeu-lhe a mão e ajudou-a a sair, mirando-a condoído. Engasgada, ela quase chorou, mas uma carícia nos ombros e um beijo carinhoso, fê-la sorrir e suspirar de alívio. Molhada, nem esperou pelas desculpas do mano e desapareceu para mudar de roupa. Em calção, o militar ficou a saborear a frescura da piscina.
― Se estivesse assim, também me lançava, Júlio.
― Será que a Cristina vai ficar zangada?
― Oh, mas o beicinho passará depressa.
― Agora tenho pena de não ter alinhado no teu jogo, Rui.
― Deixa lá, Júlio! Lições destas são tão precisas como o pão para a boca.
― Coitadinha, antes de te conhecer era tão insegura ― confessou o irmão desgostoso, saindo da piscina.
― Sinceramente, não sabia.
― Ela gosta mesmo de ti, Rui.
― E se fôssemos ter com os teus pais?
― Certo ― anuiu o Júlio, sacudindo a água.
E lá se foram à procura dos adultos. Cristina aguardava-os no patamar, mudada e indecisa entre a reprimenda e o perdão, mas um beijo do irmão, que se abeirou comovido, acabou-lhe com o rancor. O coração feminino rendeu-se imediatamente ao olhar submisso dos rapazes e perdoou-lhes tudo.

Às sete da tarde, reunidas à volta de uma bucha, as famílias brindaram à saúde do oficial, que regressaria à base no dia seguinte e, como todos gostavam de debates, convidaram-no a pronunciar-se sobre a guerra ultramarina, o cancro que minava irremediavelmente a estabilidade do regime e adiava sine die o advento da democracia e da liberdade. Muito parco, Júlio limitou-se a repetir o que eles já pensavam, a saber: que a guerra na Guiné não se justificava, nem estratégica nem economicamente, mas que por razões de unidade nacional, eles deveriam prossegui-la para evitar a desagregação do império colonial e que Angola era, muito de longe e de facto, o território cujos recursos ainda compensavam, pelo menos do ponto de vista económico, já que humanamente nada podia justificar a perda de uma vida do mais humilde dos nossos soldados. Todavia, - revelou - no seio das forças armadas, havia muitos capitães, a face visível do poder militar, que começavam a defender, a exemplo dos vizinhos Zaire, antigo Congo Belga, Guiné Conácri e outros colonatos europeus, a autodeterminação das nossas colónias. A independência da Argélia lançara o rastilho da contestação e da guerrilha ao poder colonial em África e, inevitavelmente, Portugal, como a França e a Bélgica, não poderia subsistir eternamente isolado na cena política internacional e deveria mudar de estratégia e conceder, progressivamente, a autodeterminação à Guiné, a Cabo Verde, a S. Tomé e Príncipe, primeiro, e mesmo a Moçambique, mais pobres, e à própria Angola, por último, pois haveria que acautelar os interesses de todos os portugueses que se haviam instalado nessas possessões, muitas vezes vendendo as terras que possuíam na Metrópole.

Orgulhoso, o Dr. Sampaio regalava-se com a clarividência retórica do filho. Com ele, eram os seus tempos da contestação académica que regressavam às luzes da ribalta, como em 1961, quando então professor de direito, tentou acalmar os ânimos dos alunos mais revolucionários, tendo-se mostrado hábil negociador, merecendo os elogios do professor Dr. Marcelo Caetano, eminentíssimo advogado de renome mundial que, entretanto, substituíra o senil e moribundo Salazar e, reconhecendo-lhe qualidades humanas excepcionais, o nomeara Conselheiro de Estado.
Rui Patrício, sentado entre os manos, nunca interferiu no rasgado monólogo do Júlio. O medo da guerra sussurrava-lhe um silêncio ensurdecedor. Trancado numa hermética endofasia a relembrar as imagens atrozes de outros conflitos, ele dizia-se que, se Deus quisesse, nunca iria para a guerra, apesar do ódio que ainda sentia pelos bárbaros algozes dos seus saudosos paizinhos. Aérea, Cris estava visivelmente em paradoxal dissonância, perdida nos meandros da paixão que tanto lhe custava dissimular e resfriar. E o sol, caindo sorrateiramente sobre a serra de Sintra, abrangia leve, mas obstinadamente, o Monte Estoril, privando-os da luz que tal debate exigia.

No fim, apesar da insistência do oficial, Pat declinou o convite para ir à discoteca, onde Júlio e os colegas iriam dançar naquela noite. Tentada, Cris ainda lhe deu de olhos, mas ele, que nunca pusera os pés em nenhum pub, não se sentiu com coragem para forçar a benevolência e a autoridade dos padrinhos, com quem regressou a Santo Amaro. Antes de se deitar, Rui tomou um café com leite e bolachas Maria, que a velhota lhe serviu na cozinha, visto o doutor Félix e a esposa terem subido para os seus aposentos muito risonhos.
Quando lhes passou diante da porta, o adolescente, satisfazendo a curiosidade, deu uma espreitadela pela fechadura e quase perdeu as estribeiras com o espectáculo: exibindo-se desavergonhadamente em obscena postura, eles pareciam dois actores de cinema em total dissonância. Furiosa, a retina bem quis prosseguir a violação da privacidade, mas logo surgiu a voz da consciência a puxá-lo para trás e a empurrá-lo para o seu quarto, evitando-lhe desgostos.
Inexplicavelmente, por fim, também ele, quanto mais olhava e o irritava, mais se sentia excitado e atraído pelos jogos amorosos dos padrinhos! Quantas vezes não pensara ir espreitar novamente para saciar a demente tumescência que lhe corria vertiginosamente pelas veias e lhe abrasava a cabeça, mas a maldita moralidade surgia recriminatória no seu olhar como um travão da felicidade.
Depois de muitas voltas e reviravoltas na cama, para apaziguar a tumescência irreverente, ele masturbou-se, imaginando-se em mil e uma posições de nudez integral com as mulheres que mais contavam para ele.
E foi a fazer amor virtualmente explícito com elas que ele adormeceu, depois de declamar mentalmente as poesias eróticas que guardara na mesa-de-cabeceira. Mas que gostoso frenesi, meu Deus!

continua em: Segunda, 30 de Julho ( 14º DIA )
Caprichos do Amor / Lmp, luxemburgo - 1996 / Lud MacMartinson

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